quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Quando senti dor...

Cores & Dores

“...Cores de Almodóvar, cores de Frida Kahlo, cores....”

Todas as cores do dia fortes e quentes, porém pesadas...

Penso na dor, no incomodo, na inconformidade e tudo ao redor, no redemoinho do dia e da noite que passam longos e bem devagar, numa lentidão coberta com o som de tic tac daqueles relógios bem antigos e irritantes, que a cada hora soa uma música ensurdecedora...

Olhar as sobras de Goya nos torna parte delas, nos enlouquece e cega com gritos surdos e inúteis de criaturas vis e errantes.

Perceber a fome e a miséria que Portinari coloca nos seus retirantes nos lembra que temos fome e que somos miseráveis, Les miserables de Victor Hugo emergindo dos esgotos condenados pela necessidade...

Encarar de frente Botero nos faz sentir engraçados com os corpos roliços e bochechas rosadas... cores e cores das mais vermelhas, as vermelhas de sangue da guerra e do odio...

Prestar muita atenção nos Parangolés e Tropicálias com suas cores que mostram as dores e a pobreza, cobertas pelas injustiças, pela marginalidade... Beba da fonte, beba de Duchamp com suas criticas e ataques...

Mirar os olhos das Meninas de Rosa e Azul e a emoção que nos traz um choro de uma criança e soberba de outra (mas estão as duas no mesmo espaço), poderiam estar em Güernica ou na rosa de Hiroshima, a rosa hereditária...

Enfrentar que talvez sobrevivemos da caridade de quem nos detesta e que veremos museus de grandes novidades...

Um comentário:

  1. Bom, já comentei no nosso blog conjunto, mas, não sei se pelo template ou pela leveza feminina, parece que aqui, ele tem um tom menos denso, sem perder, obviamente, seu sentido.

    E aqui, vejo o segundo olhar da poeta... rsrrs

    ResponderExcluir